UM CAMPO PARA O ENSINO DE HISTÓRIA?

A FIELD FOR TEACHING HISTORY?

Palavras-chave: Ensino de História, História Oral de vida, História da ciência

Resumo

Este artigo traz uma proposição advinda de compreensões das Histórias de Vidas de Pesquisadoras/es do Ensino de História, coletadas em situação de pesquisa de História Oral. As Histórias de vidas selecionadas foram escolhidas no acervo empírico da pesquisa e privilegiou em um primeiro momento aquelas entrevistas que trouxeram memórias dos primeiros eventos científicos do grupo de pesquisadoras sobre o Ensino de História como campo de pesquisa, na década de 1990 que se desdobrou na criação da Associação Brasileira de Ensino de História, ABEH, e em um segundo momento, a análise se ampliou para os trechos que evidenciaram ações além da pesquisa e da universidade. As análises se fundamentaram nos conceitos de campo em Bourdieu (1980; 1989) e nas apostas epistemológicas observadas nas narrativas – vestígios da categoria cultura escolar. Defende a existência clara de um campo científico do Ensino de História, que se desdobrou do campo da História, em diálogo com o microcosmo da História ensinada e a aposta na escola como uma cultura própria (Monteiro, 2007; Bittencourt, 2008). Propõem atenção ao conceito de mundo social na caracterização de um campo (Bourdieu, 1992; Bertaux, 2016) do Ensino de História.

Biografia do Autor

Raquel Alvarenga Sena Venera, Universidade da Região de Joinville

Raquel Alvarenga Sena Venera concluiu o Doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, em 2009. É bacharel e licenciada em História pelo universidade do Vale do Itajaí, UNIVALI, em 2000 e possui mestrado em História Cultural pela Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, 2003. Foi vice- coordenadora do Programa de Pós-graduação em Patrimônio Cultural e Sociedade, da Universidade da Região de Joinville, Univille, nas gestões 2016-2018 e 2019-2020 e coordenadora nas gestões 2021-2022 e 2023-2024. É líder do Grupo de Pesquisa Subjetividades e (auto)biografias desde 2013. Suas pesquisas em andamento possuem foco nos desafios do "trabalho pela vida" - desde as 'escritas de vidas', as narrativas de si até as diferentes escutas de garantias de dignidade e direitos humanos. Aposta nas produção heurística do trabalho reflexivo das memórias. Os debates acerca dos rizomas construídos com as (auto) biografias nas redes sociais; a democratização das narrativas; os discursos implicados na "arquitetura de si"; "tecnologia do eu" ou do "si mesmo"; os processos de subjetivação contemporâneos são presentes e perpassam as investigações sobre práticas discursivas no campo político da Memória. Tem se dedicado na construção de acervos em rede de histórias de vidas e na investigação de narrativas não verbais, especialmente as artesanias femininas que silenciosamente registram a presença de mulheres na História. Ao mesmo tempo, se preocupa com a democratização dessas narrativas e suas relações com um tipo de patrimônio específico, aquele relacionado a vida na democracia - um 'comum' praticado e pleiteado em cada grupo o qual tem chamado de Patrimônio (em)comum da Humanidade. Atualmente ministra as disciplinas Memória e Identidade, Estudos avançados em Memória, Linguagem e Identidade, Seminários de Produção Científica (II,III e IV), Seminários de Tese III e Desafios da Educação Patrimonial no Programa de Pós-graduação em Patrimônio Cultural e Sociedade. Leciona igualmente no curso de graduação em História as disciplinas de Metodologia do Ensino de História e Introdução aos Estudos da História e Saberes Históricos e Cultura Escolar.

Juliana Miranda da Silva, UNIVILLE

Pesquisadora Pós-doc do Programa de Pós-graduação em Patrimônio Cultural e Sociedade, PPGPCS, da Univille. Co-orientadora de IC do Curso de História e do Laboratório de História Oral da Univille.

Referências

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Publicado
2025-09-16