ENTRE A FRESTA, A REPRESSÃO E A RESISTÊNCIA: OS GRUPOS PERCUSSIVOS DE MARACATU E O CARNAVAL DIANTE DOS PATRIMÔNIOS CULTURAIS OFICIAIS DE JOINVILLE (SC)

BETWEEN THE OPENING, REPRESSION, AND RESISTANCE: MARACATU PERCUSSIVE GROUPS AND CARNIVAL FACING THE OFFICIAL CULTURAL HERITAGE OF JOINVILLE (SC), BRAZIL

Resumen

Os grupos percussivos de maracatu de Joinville (SC) têm propiciado um processo de circulação de saberes e movimentos de resistência. A presença da cultura afro-brasileira do Recife (PE) em Joinville, cidade marcada por patrimônios oficiais que privilegiam a imigração germânica, contesta a visão de um passado excludente e traz para a linha de frente as disputas por uma cultura plural. O artigo consiste em uma reflexão sobre a atuação dos dois grupos percussivos de maracatu de Joinville e os enfrentamentos gerados pela repressão policial nas suas oficinas, ensaios e no carnaval. Para essa análise, as fontes orais foram operadas (Portelli, 2016), privilegiando as experiências e as memórias dos batuqueiros e batuqueiras.

Biografía del autor/a

Evelyn de Jesus Jeronimo, Universidade da Região de Joinville

Graduada em História pela Universidade da Região de Joinville Univille, mestranda em Patrimônio Cultural e Sociedade, faz parte dos grupos de pesquisa, Cultura e Sociedade: circulação de saberes, natureza e agricultura e Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB), ambos vinculados a Univille. Desenvolveu dois projetos de iniciação científica entre 2018 e 2020, também foi bolsista do PIBID e PRP. Atualmente dá continuidade a sua pesquisa sobre maracatu nação, grupos percussivos de maracatu de Joinville e patrimônio cultural imaterial.

 

 

Roberta Barros Meira, Univille

Bacharel e licenciada em Historia pela Universidade Federal Fluminense, mestrado e doutorado em História Econômica pela Universidade de São Paulo. Docente do curso de História e do Programa em Patrimônio Cultural e Sociedade e do Departamento de História da Universidade da Região de Joinville - Univille. Coordena o grupo de pesquisa Estudos sobre circulação de saberes, natureza e agricultura (CANA). Vice-coordenadora do GT Patrimônio Cultural da ANPUH-SC. Vice-editora da Revista História e Economia e Coeditora da Revista Confluências Culturais. Integra o grupo de pesquisa Dimensões do Regime Vargas e seus desdobramentos, coordenado pelo professor Orlando de Barros (UERJ) e Thiago Mourelle (Arquivo Nacional). Tem experiência na área de História do Brasil, com estudos no campo do patrimônio ambiental e políticas agrícolas. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2

Luana de carvalho Silva Gusso, Universidade da Região de Joinville

Professora do Programa de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural e Sociedade, do Curso de Direito e de Psicologia da Universidade da Região de Joinville - Univille. Possui Pós-doutoramento pela Universidade de Coimbra e Centro de Estudos em Direitos Humanos - Ius Gentium Conimbrigae - na área de Democracia e Direitos Humanos (2013), com Mestrado (2008) e Doutorado em Direito do Estado pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Paraná (2012). Pesquisadora com experiência nas áreas de Direitos Culturais, Patrimônio Cultural, Criminologia, História do Direito e Direitos Humanos, com foco no estudo da Cultura, Subjetividades, Sustentabilidade, Memória e suas relações com os direitos fundamentais. É graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) (2005) e em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná (2005). Especialista em Direito Penal e em Criminologia pelo ICPC - UFPR (2006). Advogada. Membro do Instituto Brasileiro de Direitos Culturais – IBDCULT

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Publicado
2024-10-05