A literatura de cortesania como lugar de memória: os casos de Castiglione e Rodrigues Lobo

  • Carolina Terramoto Rufino Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Resumo

A despeito de ter sido tema recorrente na literatura medieval, sobretudo na poesia trovadoresca e nos romances de cavalaria, a problemática do comportamento social tornou-se um tópico central na literatura de um período marcado por mutações significativas na estratificação social como foi a época Moderna. Tratando-se de um elemento fundamental no estudo das sociedades desta época do ponto de vista comportamental, a literatura de cortesania é também guardiã de uma memória que merece ser evidenciada e estudada. Neste estudo pretende-se analisar o carácter memorial deste género literário nos séculos XVI e XVII, tendo como objecto de estudo a aproximação entre duas obras indiscutivelmente diversas: Il Libro del Cortegiano (1528), de Baldesar Castiglione, e Corte na Aldeia (1619), de Francisco Rodrigues Lobo. Considerando a complexidade inerente aos dois diálogos, trata-se fundamentalmente de um estudo de caso, através do qual se almeja realizar uma primeira abordagem a estas narrativas como lugares de memória.


Palavras-chave: Literatura de Cortesania; Lugar de Memória; História Moderna.

Biografia do Autor

Carolina Terramoto Rufino, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Mestranda em História, especialidade em História Moderna e Contemporânea, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Investigadora do Centro de História da Universidade de Lisboa (CH-ULisboa).

Membro do Instituto Prometheus - Associação para Estudos Históricos e Interdisciplinares (IPAEHI).

Referências

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Publicado
2018-12-04