A Vida na Estiva O cotidiano dos trabalhadores do porto do Rio de Janeiro nos primeiros anos do século XX

  • Erika Arantes

Resumo

Esse artigo trata do cotidiano dos trabalhadores do porto do Rio de Janeiro na primeira década do século XX. Assim como em quase todos os portos do mundo, no Rio de Janeiro do início do século XX, a maior parte do serviço portuário era organizado através da chamada "mão de obra avulsa", onde os trabalhadores eram contratados diariamente para executarem determinado serviço. Essa forma característica de contratação da mão-de-obra "moldava" o cotidiano dos trabalhadores do porto. Isso porque o fato do trabalhador conseguir trabalho (ou não) interferia diretamente no seu dia-a-dia. Se fosse chamado para o serviço ele teria pagamento no fim do dia. Caso contrário, o trabalhador poderia voltar para casa ou ficar esperando uma nova chamada, se houvesse. Essa espera podia ser feita nas ruas, bancos de praças, nos bares ou qualquer outro lugar, mas sempre nas proximidades do porto: na chamada Zona Portuária, região que envolvia os bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo. Por outro lado, muitas vezes ter onde dormir ou não, dependia do sujeito conseguir trabalho naquele dia. Assim, o cotidiano dos portuários era afetado em diversos níveis – no lazer, na moradia e até na relação que estabeleciam com a polícia republicana (já que a prisão por vadiagem recaía de forma especialmente dura sobre aqueles trabalhadores, que, como já comentei, muitas vezes ficavam nas ruas esperando trabalho ou dormiam na rua por não ter conseguido trabalho naquele dia).

Palavras-chave: Trabalho; Cotidiano; porto.

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Dossiê