O DISCURSO ANTIGÊNERO E A INFLUÊNCIA SOBRE A EDUCAÇÃO NO SUL GLOBAL
ANTIGENDER DISCOURSE AND INFLUENCE ON EDUCATION IN THE GLOBAL SOUTH
Resumen
O objetivo que permeia o presente artigo consiste na verificação da influência do discurso antigênero de grupos políticos conservadores e neoconservadores nos planos educacionais tanto de nível nacional (Brasil), quanto em âmbito local (Blumenau e Balneário Camboriú/SC). Analisamos, ademais, similaridades e especificidades do discurso político e religioso conservador no Brasil e na Colômbia a partir da perspectiva da História Global de Sebastian Conrad (2019) e François Hartog (2013). A análise do discurso conservador antigênero na educação nacional foi realizada a partir de fontes bibliográficas como Maria das Dores Campos Machado (2020) e Sônia Corrêa e Isabela Kalil (2021). Em relação à Colômbia, foram usados textos de Franklin Gil Hernández (2021). Constatamos que a política antigênero tem servido de plataforma para a eleição de grupos conservadores na América Latina.
Citas
ALESSI, Gil. Bancada da Bala, Boi e Bíblia impõe ano de retrocesso para mulheres e indígenas. El País, São Paulo, 2017. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/12/01/politica/1512148795_433241.html . Acesso em: 17 ago. 2022.
APPLE, Michael W. Educando à Direita: mercados, padrões, Deus e desigualdade. Trad. Dinah de Abreu Azevedo. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2003.
BALNEÁRIO CAMBORIÚ. Lei n. 3862, de 18 de dezembro de 2015. Institui o Plano Municipal de Educação – PME, e dá outras providências. Balneário Camboriú, 18 dez. 2015. Disponível em: https://leismunicipais.com.br/plano-municipal-de-educacao-balneario-camboriu-sc . Acesso em: 18 ago. 2022.
BENJAMIM, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. Disponível em: https://www.ufrb.edu.br/ppgcom/images/sele%C3%A7%C3%A3o_2020.1/BENJAMIN_Walter._Obras_escolhidas_vol._I._Magia_e_t%C3%A9cnica_arte_e_pol%C3%ADtica.pdf . Acesso em: 10 fev. 2025.
BLUMENAU. Lei Complementar n. 994, de 16 de julho de 2015. Aprova o Plano Municipal de Educação de Blumenau – PME e dá outras providências. Blumenau, 16 jul. 2015. Disponível em: https://leismunicipais.com.br/plano-municipal-de-educacao-blumenau-sc . Acesso em: 11 abr. 2022.
BOLDA, Bruna dos Santos; SOUZA Josué de. A atuação da bancada religiosa na controvérsia em torno das questões de gênero no Plano Municipal da Educação PME) em Blumenau de 2015. Ciencias Sociales y Religión/ Ciências Sociais e Religião, Porto Alegre, v. 20, n. 28, p. 47-62, jan./jul. 2018.
BORLOZ, Víctor Madrigal. Informe del Experto Independiente sobre la protección contra la violencia y la discriminación por motivos de orientación sexual o identidad de género: Las prácticas de exclusión. Naciones Unidas, Asamblea General, A/76/152, p. 1-27, 15 jul. 2021. Disponível em: N2119217.pdf (un.org). Acesso em: 15 out. 2023.
BRASIL. Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá outras providências. Brasília, Diário Oficial da União, 25 jun. 2014. Disponível em: http://pne.mec.gov.br/18- planos-subnacionais-de-educacao/543-plano-nacional-de-educacao-lei-n-13-005- 2014. Acesso em: 7 out. 2020.
BRASIL. Escola sem Homofobia. Caderno. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: https://bibliotecadigital.mdh.gov.br/jspui/bitstream/192/9003/1/brasil_sem_homofobia.pdf. Acesso em: 12 maio 2025.
CADERNO ESCOLA SEM HOMOFOBIA. Brasília, DF: MEC, 2011. Disponível em: https://nova-escola producao.s3.amazonaws.com/bGjtqbyAxV88KSj5FGExAhHNjzPvYs2V8ZuQd3TMGj2hHeySJ6cuAr5ggvfw/escola-sem-homofobia-mec.pdf. Acesso em: 10 maio 2025.
CAMPOS, Márcio D’Olne. A arte de sulear-se I, A arte de sulear-se II. In: SCHEINER, Teresa Cristina (Coord.). Interação museu-comunidade pela educação ambiental. Rio de Janeiro: UNIRIO/TACNET, 1991. p. 56-91.
CATIE, Talita. Participação popular é marca do Plano Municipal de Educação. Portal da Prefeitura Municipal de Blumenau, 16 abr. 2015. Disponível em: https://www.blumenau.sc.gov.br/secretarias/secretaria-de-educacao/semed/blumenau-lanca-documento-base-do-plano-municipal-de-educacao31 . Acesso em: 16 jan. 2023.
CNBB. Bispos do Regional Sul 3 emitem nota sobre riscos da ideologia de gênero. CNBB, 2015. Disponível em: https://www.cnbb.org.br/bispos-do-regional-sul-3-emitem-nota-sobre-riscos-da-ideologia-de-genero/ . Acesso em: 13 ago. 2021.
COHEN, Stanley. Folk Devils and Moral Panics: The Creation of Mods and Rockers. London: MacGibbon & Kee, 1972.
COLÔMBIA. Ambientes escolares libres de discriminación. Orientaciones sexuales e identidades de género no hegemónicas en la escuela. Aspectos para la reflexión. Ministerio de Educación Nacional, 2016. Disponível em: https://concejodebogota.gov.co/cbogota/site/artic/20160808/asocfile/20160808140159/2_orientaciones_sexuales_e_identidad_de_genero_en_la_escuela__final_web__resaltado_.pdf . Acesso em: 10 maio 2025.
CONFERÊNCIA EPISCOPAL PERUANA 1998. A Ideologia do Gênero: seus perigos e alcances. Trad. Apostolado Veritatis Splendor – C.D.T. Publicado em 9 de junho de 2008. Disponível em: https://img.cancaonova.com/noticias/pdf/281960_IdeologiaDeGenero_PerigosEAlcances_ConferenciaEpiscopalPeruana.pdf . Acesso em: 18 ago. 2022.
CONRAD, Sebastian. Abordagens concorrentes & História Global: uma abordagem distinta. In: CONRAD, Sebastian. O que é História Global? Lisboa: Edições 70, 2019. p. 53-110.
CORRÊA, Sonia; KALIL, Isabela. Brasil. In: CORRÊA, Sonia (Ed.). Políticas antigênero na América Latina: resumos dos estudos de casos nacionais. Trad. Nana Soares, 1. ed. Rio de Janeiro: Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids – ABIA, 2021. p. 70-89. Disponível em: https://sxpolitics.org/GPAL/uploads/resumos-pt/E-book-Resumos-PT-02082021.pdf . Acesso em: 23 set. 2023.
ESCOLA SEM PARTIDO. Quem Somos. Escola sem Partido, 2018. Disponível em: http://www.escolasempartido.org/sobre/quem-somos . Acesso em: 14 out. 2023.HARTOG, François. Experiências do Tempo: da História Universal à História Global. História, histórias, Brasília, v. 1, n. 1, p. 164-178, 2013.
HERNÁNDEZ, Franklin Gil. Colômbia. In: CORRÊA, Sonia. Políticas antigênero na América Latina: resumos dos estudos de casos nacionais. Trad. Nana Soares, 1. ed. Rio de Janeiro: Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids – ABIA, 2021. p. 103-115. Disponível em: E-book-Resumos-PT-02082021.pdf (sxpolitics.org). Acesso em: 28 dez. 2022.
LIMA, Iana Gomes de; HYPOLITO, Álvaro Moreira. A expansão do neoconservadorismo na educação brasileira. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 45, p. 1-15, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ep/a/DYxJyKYs6XjMBJSrD6fwbJx/?format=pdf&lang=pt . Acesso em: 24 set. 2023.
LOPES, Luiz. Pauta do aborto ameaça a vida na América Latina. Portal Vida e Família, 7 mar. 2022. Disponível em: https://vidaefamilia.org.br/pauta-do-aborto-ameaca-a-vida-na-america-latina/ . Acesso em: 16 jan. 2023.
MACHADO, Maria das Dores Campos. O Neoconservadorismo cristão no Brasil e na Colômbia. In: BIROLI, Flávia; VAGGIONE, Juan Marco; MACHADO, Maria das Dores Campos. Gênero, neoconservadorismo e democracia: disputas e retrocessos na América Latina. São Paulo: Boitempo, 2020. p. 83-133.
MANUAL DE DEFESA CONTRA A CENSURA NAS ESCOLAS. Ed. atualizada, 2022. Disponível em: https://www.manualdedefesadasescolas.org.br/index.html . Acesso em: 17 ago. 2022.
MARTINS, Rodrigo. A bancada BBB domina o Congresso. Carta Capital, 2015. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/revista/844/bbb-no-congresso-1092.html . Acesso em: 17 ago. 2022.
MOLL, Roberto. Diferenças entre neoliberalismo e neoconservadorismo: duas faces da mesma moeda? Unesp, 2015. Disponível em: https://ieei.unesp.br/portal/wp-content/uploads/2016/11/Diferen%C3%A7as-entre-neoliberalismo-e-neoconservadorismo.pdf . Acesso em: 24 set. 2023.
OFENSIVAS ANTIGÊNERO NO BRASIL: POLÍTICAS DE ESTADO, LEGISLAÇÃO, MOBILIZAÇÃO SOCIAL. Gênero e Educação, 2021. Disponível em: https://generoeeducacao.org.br/wp-content/uploads/2021/10/Relato%CC%81rio-ofensivas-final.pdf . Acesso em: 28 dez. 2022.
ORDÓNEZ, Alejandro. Hacia el libre desarrollo de la animalidad. Bogotá: Universidad Santo Tomás, 2003. Disponível em: http://www.scribd.com/doc/173847454/Alejandro-Ordo-n-ez-Hacie-el-libre-desarrollo-de-la-animalidad . Acesso em: 10 maio 2025.
PAUTA NO PONTO. Lei Municipal vedando expressões sobre “gênero” em Plano Municipal de Educação. Pauta no Ponto, 13 nov. 2022. Disponível em: http://pautanoponto.info/arquivos/20367. Acesso em: 16 jan. 2023.
PEDRO, Maria Joana; LEMES, Luana Borges. A “Primavera das Mulheres” nos impasses atuais da democracia no Brasil. In: PEDRO, Joana Maria; ZANDONÁ, Jair (Orgs.). Feminismos e democracia. 2. ed. Belo Horizonte: Fino Traço, 2019. p. 67-86.
PORTAL CLICK CAMBORIÚ. Famílias de Balneário Camboriú rejeitam o Plano Municipal de Educação. Portal Click Camboriú, 22 ago. 2015. Disponível em: https://www.clickcamboriu.com.br/geral/2015/08/familias-de-balneario-camboriu-rejeitam-plano-municipal-de-educacao-128472.html. Acesso em: 18 ago. 2023.
RAMÍREZ, Gabriela Arguedas. “Ideologia de gênero”, neointegrismo católico e fundamentalismo evangélico: a vocação antidemocrática. In: CORRÊA, Sonia. Políticas antigênero na América Latina: resumos dos estudos de casos nacionais. Trad. Nana Soares, 1. ed. Rio de Janeiro: Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids – ABIA, 2021. p. 44-56.
REDAÇÃO NSC. Plano Municipal de Educação vira alvo de críticas em Balneário Camboriú. Redação NSC, Cotidiano. Portal NSC Total, 27 ago. 2015a. Disponível em: https://www.nsctotal.com.br/noticias/plano-municipal-de-educacao-vira-alvo-de-criticas-em-balneario-camboriu. Acesso em: 18 ago. 2022.
REDAÇÃO NSC. Plano Municipal de Educação de Blumenau recebe 547 contribuições da comunidade. Redação NSC, Cotidiano. Portal NSC Total, 24 abr. 2015b. Disponível em: https://www.nsctotal.com.br/noticias/plano-municipal-de-educacao-de-blumenau-recebe-547-contribuicoes-da-comunidade. Acesso em: 16 jan. 2023.
REIS, Toni; EGGERT, Edla. Ideologia de gênero: uma falácia construída sobre os planos de educação brasileiros. Educação e Sociedade, Campinas, v. 38, n. 138, p. 9-26, jan./mar. 2017.
ROSA, Pedro G. da. Famílias de Balneário Camboriú rejeitam Plano Municipal de Educação. Click Camboriú, 22 ago. 2015a. Disponível em: https://www.clickcamboriu.com.br/geral/2015/08/familias-de-balneario-camboriu-rejeitam-plano-municipal-de-educacao-128472.html. Acesso em: 16 jan. 2023.
ROSA, Pedro G. da. Vereadora Marisa insiste na ideologia de gênero no Plano Municipal de Educação. Click Camboriú, 15 set. 2015b. Disponível em: https://www.clickcamboriu.com.br/politica/2015/09/vereadora-marisa-insiste-na-ideologia-de-genero-no-plano-municipal-de-educacao-129559.html. Acesso em: 16 jan. 2023.
SANTOS, Dayana Brunetto Carlin dos; MOTTIN, Karina Veiga. Os efeitos de poder produzidos pelo projeto escola sem Partido na docência. Cad. Gên. Tecnol., Curitiba, v. 13, n. 42, p. 297-312, jul./dez. 2020.
SANTOS, Henrique Cintra; SANTOS, Allana Letícia dos; SILVA, Janine Gomes da. Gênero, sexualidade e conexões com a História Global: protagonismos dos movimentos homossexuais do Brasil e da Alemanha Oriental. Projeto História, São Paulo, v. 72, p. 182-204, set./dez. 2021.
SERRANO, Fernando. Políticas antigênero na América Latina: um olhar panorâmico. In: CORRÊA, Sonia. Políticas antigênero na América Latina: resumos dos estudos de casos nacionais. Trad. Nana Soares, 1. ed. Rio de Janeiro: Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids – ABIA, 2021. p. 21-43.
SEPULVEDA, Denize; SEPULVEDA, José Antonio. Práticas conservadoras: Suas influências nas tessituras identitárias de gêneros e sexualidades. Periferia: Educação, Cultura & Comunicação, v. 9, n. 2, p. 16-37, jul./dez. 2017.
VIANNA, Cláudia. Políticas de educação, gênero e diversidade sexual: breve história de lutas, danos e resistências. Cadernos da Diversidade. 1. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2018.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Suspensa norma de Blumenau que proíbe ensino sobre gênero e orientação sexual. Supremo Tribunal Federal, 23 dez. 2019. Disponível em: https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=433523. Acesso em: 10 maio 2025.
WEEKS, Jeffrey. Sex, Politics and Society: The regulation of sexuality since 1800. Londres/New York: Longman, 1981.
Declaro que, caso este manuscrito seja aceito, concordo que mantenho os direitos autorais e concedo à Revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons (CC-BY) que permite o compartilhamento com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista. <a rel="license" href="http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/"><img alt="Licença Creative Commons" style="border-width:0" src="https://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png" /></a><br />Este obra está licenciado com uma Licença <a rel="license" href="http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/">Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional</a>.