CIRCE E A MÉTIS: GÊNERO, MITOLOGIA E MAGIA NA ODISSEIA

CIRCE AND METIS: GENDER, MYTHOLOGY AND MAGIC IN THE ODYSSEY

Palavras-chave: Circe; Métis; Gécia Antiga.

Resumo

O presente trabalho aborda a figura da personagem Circe na obra Odisseia de Homero, cuja datação (aproximadamente século VIII a.C.), bem como a autoria, nos remetem a uma “questão homérica”, aqui debatida., levando em conta conceitos como gênero, magia e mitologia. A partir da categoria métis, inteligência astuciosa, discute-se o papel da personagem na narrativa homérica e sua relevância para o contexto da Grécia Antiga, especialmente quando diz respeito as questões de gênero que se consolidavam. Dessa forma, a imagem negativa, posteriormente atribuída a Circe, passa a ser problematizada dentro do contexto helênico, revelando que seu phármakon, mais tarde associado a magia, não possuía por si só caráter negativo, utilizado inclusive por outros personagens, sendo o seu papel enquanto mulher portadora de métis que lhe atribui sentido pejorativo, afinal, permitia-lhe inverter a ordem da hierarquia social estabelecida.

Biografia do Autor

Rafaela dos Santos Teixeira, UFMS-CPTL

Graduanda do curso de História da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Três Lagoas desde fevereiro de 2020. Atualmente é bolsista de Iniciação Científica pela UFMS com o projeto de pesquisa intitulado: "Releituras da imagem e da pharmakis de Circe pelo filme Ulysses, de 1954: apropriações do paganismo da Odisseia de Homero a partir do cinema italiano."

Referências

BRACKE, Evellyn. Of Métis and Magic: The Conceptual Transformations of Circe and Medea in Ancient Greek Poetry. Tese de doutorado. Department of Ancient Classics, National University of Ireland, Maynooth, 2009.
FINLEY, Moses. O Mundo de Ulisses. Lisboa: Editorial Presença, 1988.
GABRECHT, Ana Penha. A Representação do espaço na Odisseia: Definindo Isotopias, Heterotopias e Utopias na Grécia Antiga (Séculos X-VIII a.C.). Dissertação (Doutorado em Letras) - Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2014, 257 p.
LESSA, Fábio de Souza. Mulheres de Atenas: mélissa - do gineceu à agorá. Rio de Janeiro: Mauad X, 2010.
MADUREIRA, Stéphanie Barros. Relacionando Magia e Gênero na Grecia Antiga: Circe e Medéia como representações sociais de feiticeiras na Atena Clássica (século V a.C). Rio de Janeiro: v. 5 n. 2 (2019): Hélade | Dossiê: Fenícios, Maio de 2020.
MADUREIRA, Stéphanie Barros. Relacionando Magia e Gênero na Literatura Grega: uma análise comparada do uso do phármakon pelas feiticeiras Circe e Medeia (séculos VIII e V a. C.). Tese de mestrado. Rio de Janeiro, 2017.
MARCHELLI, Clarissa Barletta. O Phármakon na Odisséia: Ambiguidade e função narrativa. In: I Congresso Internacional De Religião Mito e Magia No Mundo Antigo & IX Fórum de Debates em História Antiga. Universidade do Estado do Rio de Janeiro Núcleo de Estudos da Antiguidade, Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: http://neauerj.com/Anais/coloquio/cadernoresumos.pdf; acesso em 13 de junho de 2022.
MORAES, Alexandre Santos. Curso de vida e construção social das idades no mundo de Homero (séc. X ao IX a.C.): uma análise sobre a formação dos habitus etários na Ilíada e Odisséia. Dissertação (Doutorado em História Antiga) – Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2013, 260 p.
PUGA, Dolores. Magia e Cultura Patriarcal: As Transformações na imagem da Pharmakis na Antiguidade. MONÇÕES, Revista de História da UFMS/CPCX v. 1, n° 1, Setembro de 2014.
DETIENNE, Marcel e VERNANT, Jean-Pierre. Métis: as astúcias da inteligência. São Paulo: editora Odysseus, 2008.
SEGAL, C. Circean Temptations: Homer Virgil Ovid. TAPhA 99, 1968, p. 419-442.
SILVA, Joseane Tavares de Azeredo; MUNIZ, Hélder Pordeus. Considerações sobre a métis, a inteligência astuciosa. Mnemosine. Rio de Janeiro, Vol.13, n. 3, p. 309-331, 2017.
TSUGAMI, Susan Sanae. Magia. In: LANGER, Johnni (org). Dicionário de História das Religiões na Antiguidade e Medievo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2020.
Publicado
2023-01-27