Guerra como palco de agências indígenas nas Américas: Séculos XVI ao XIX
A guerra é uma temática das mais clássicas na historiografia, foco de abordagens que lhe são inteiramente dedicadas, como a História Militar e sua revisão a Nova História Militar, mas também presente nos mais diversos recortes teóricos, da política à cultura, tornando-se fio condutor para reflexões interdisciplinares, objeto constantemente revisitado por sua natureza onipresente na trajetória humana. Assim, tanto em termos factuais, o estudo de guerras especificas, quanto em termos estruturais, a análise de estruturas militares completas, a temática bélica não apenas continua a alimentar a historiografia como se tornou paradigmática nos estudos histórico-antropológicos indigenistas que a usaram como variante para toda uma geração de debates teóricos, a ponto da “guerra indígena” ter se constituído praticamente em uma disciplina antropológica 'per se', sendo a militarização histórica de muitas sociedades indígenas uma das principais consequências dessa situação que é perigosa por ter, em muitos casos, restringido culturas inteiras apenas a seu caráter bélico. A Antropologia da Guerra Indígena proliferou assim no século XX principalmente a partir de autores norteamericanos como R. Brian Ferguson e Douglas Bamforth, que se engajaram no debate sobre uma percebida natureza endêmica da guerra indígena, proposta por Bamforth e negada por Ferguson. Mas também a partir da corrente franco-brasileira encabeçada por Manuela Carneiro da Cunha e Eduardo Viveiros de Castro que ainda discute o tema, trabalhando especificamente com a sociedade tupi quinhentista e defendendo sua não preexistência à guerra, mas que essa sociedade se construiu em torno da cultura da guerra. Por outro lado, no que diz respeito à História das Colonizações, a virada para o século XXI também trouxe a guerra e as estruturas militares para o foco da História Indígena: tanto a New Conquest History, com Matthew Restall, quanto a Nova História Indígena, principalmente a partir de autores como John Manuel Monteiro e Maria Regina Celestino de Almeida, trabalham com agência e protagonismo indígena tendo como cenário conflitos, processos de conquista colonial, e mesmo as estruturas militares da colonização. Assim, considerando esse histórico, convidamos autores e autoras para proporem artigos que abordem situações e estruturas entremeadas com conflitos, que envolvam atores sociais indígenas inseridos em tropas e portadores de patentes militares, em quaisquer situações que envolvam a interação de homens e mulheres indígenas com as estruturas militares coloniais em qualquer capacidade na qual eles/elas sejam abordados a partir da perspectiva de sua agência e como protagonistas.
PRAZO PARA SUBMISSÃO DE ARTIGOS: 20 DE MARÇO DE 2026.