Fincando tábua no chão: a viabilização da escola para Peixoto de Azevedo (1979-1985)
Resumo
O trabalho discorre sobre a implantação da primeira escola pública do município de Peixoto de Azevedo-MT e o seu funcionamento entre os anos de 1979 a 1985. Nesse período, o povoado era desassistido pelo estado em muitos setores, pois o núcleo urbano se iniciou na década de 1970. Para construir a escola, a comunidade se uniu em sistema de mutirão e construiu a escola Arcanja Barbosa Ribeiro, que funcionou inicialmente de forma improvisada. Após a institucionalização da escola, ela teve o nome alterado para Dezenove de Julho, porém a estrutura física não foi modificada. Os professores não tinham formação específica para a docência e a escola era pequena demais para o número de alunos, sempre crescente, refletindo a economia garimpeira do local que, apesar do ouro extraído, ali cintilava a pobreza. A violência e a falta de um poder disciplinador, visíveis no povoado, também são observadas na sala de aula, carente de capitais econômico e intelectual. Dessa forma, a gestão empreendeu práticas autoritárias, mas essas foram insuficientes para dirimir os conflitos. As fontes utilizadas foram obtidas em arquivos da escola Dezenove de Julho e entrevistas com ex-professores. Concluiu-se que a falta da assistência do Estado atuou para os problemas da escola se avolumar no cotidiano de ensino, o que refletia a forma desordenada de ocupação do próprio espaço urbano do município. Por outro lado, a história aqui narrada mostra o esforço imanente de uma comunidade na luta contra o analfabetismo em um ambiente bastante culturalmente violento.
Referências
BARROZO, João Carlos. Mato Grosso do sonho à utopia da terra. Cuiabá: Editora UFMT; Carlini & Caniato Editorial, 2008.
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PRETI, Oreste. Terra, Ouro e Sangue em Guarantã do Norte: 20 anos de luta pela terra. In. Cadernos do NERU/Núcleo de Estudos Rurais e Urbanos – ICHS – UMFT. n.º 1. Cuiabá, Editora UFMT, 1993.
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SOUZA, Edison Antônio de. O poder na fronteira: hegemonia, conflitos e cultura no norte de Mato Grosso. Cuiabá: Editora UFMT, 2013.
Fontes Orais (entrevistas)
Arcildo Antônio Passarin. Produção: Eliamar Ferreira de Amorim Folle. Cidade: Peixoto de Azevedo-MT. Junho de 2017. 1h 50min (áudio digital).
Claudete Fonseca. Produção: Eliamar Ferreira de Amorim Folle. Cidade: Peixoto de Azevedo-MT. Maio de 2017. 1h (áudio digital).
Francisco Lopes da Silva. Produção: Eliamar Ferreira de Amorim Folle. Cidade: Peixoto de Azevedo-MT. Maio de 2017. 1h 10min (áudio digital).
Maria de Fátima Silva Santos. Produção: Eliamar Ferreira de Amorim Folle. Cidade: Peixoto de Azevedo-MT. Março de 2017 (áudio digital).
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