O MUNDO CTÔNICO DE PÃ: RURALIDADE E FESTA NA GRÉCIA DO PERÍODO CLÁSSICO
Resumo
Quando tratamos do ctonismo na Grécia antiga, logo nos remetemos à questão do telúrico, da associação do divino com a terra. O ctônico seria, então, uma abstração imaginária do rural, sendo esta ruralidade afastada do seio das poleis; costumes campesinos que, por não serem completamente conhecidos pelas camadas mais abastadas da sociedade políade, eram também misteriosos.
O conceito de ctonismo – termo já existente entre os próprios Gregos – estudado por diversos especialistas durante vários séculos encontra em Pierre Chantrene sua definição mais cara, onde as divindades ctônicas seriam aquelas que, por serem de mundos diferentes do urbano, ligadas a chóra, denotariam um caráter misterioso. Estes mistérios não se resumiriam ao distanciamento promovido pelo ambiente rural, mas também denotariam uma associação com a morte, com o mundo inferior – sendo este abaixo da terra – e também com a sexualidade: “(...) ‘bas, à ras de terre’ dans des acceptions plus ou moins métaphoriques, jusqu'aux sens de ‘humble’ et ‘vil’.” (CHANTRENE, 1999, p. 1259). O que proporemos neste trabalho é o enquadramento do conceito de ctonismo em uma criatura conhecida pelo seu caráter rural e festivo: o daímon Pã.
Referências
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