INDÍGENAS E CAMPONESES E AS PRÁTICAS PÓS-FASCISTAS DO GOVERNO BOLSONARO: CONTINUIDADES DESSA HISTÓRIA DO PASSADO AO TEMPO PRESENTE

INDIGENOUS PEOPLES AND PEASANTS AND THE POST-FASCIST PRACTICES OF THE BOLSONARO GOVERNMENT: CONTINUITIES OF THIS HISTORY FROM THE PAST TO THE PRESENT

Palavras-chave: Indígenas, Camponeses, Tempo Presente, Pós-fascismo

Resumo

Objetiva-se a discussão do governo de Jair Bolsonaro (2018 a 2022) na história do Brasil recente, a partir, especialmente, do modo como lidou com os camponeses e povos originários, no exercício de suas práticas pós-fascistas. Faz-se fundamental, ainda que de modo breve, de início, a análise das origens dessas violências desde a América portuguesa, percorrendo o Império, início da República e o século XX, especialmente no governo Vargas e na ditadura empresarial-militar, com ênfase para o seu prolongamento, no pós-ditadura. Observa-se em políticas que antecederam ao pós-fascismo, no século XXI, a continuidade das práticas autoritárias frente a esses grupos, tendo o arbítrio como o registro de ações também em governos ditos de esquerda.

Biografia do Autor

Maria Celma Borges, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS/CPTL

Graduada em História (Universidade Estadual de Maringá, 1993), mestre em História e Sociedade (Unesp/Assis, 1996), doutora em História e Sociedade (Unesp/Assis, 2004) e pós-doutora em História (Universidade Federal Fluminense - UFF, 2014). Professora titular do Curso de História da UFMS/ Campus de Três Lagoas desde o ano de 1998, onde desenvolve projetos de pesquisa, de ensino e de extensão e orienta trabalhos de iniciação científica. Colaboradora no Programa de Pós-Graduação em Geografia, PGGeo - CPTL/UFMS, desde 2024. Desenvolveu o projeto: "Pobres livres, escravos e povos originários: do sul ao norte de Mato Grosso", iniciado em 2009 e com o término em 2023, com financiamento da FUNDECT, de 2009 a 2011, e tema do seu pós-doutorado, defendido em 2014. Atualmente coordena o projeto: "Camponeses, povos originários e comunidades negras: trabalho, movimentos sociais e conflitos na história rural do Brasil (séculos XVIII ao XXI)". Como publicação acadêmica destacam-se os livros: O desejo do roçado: práticas e representações camponesas no Pontal do Paranapanema, SP. São Paulo: Annablume, 2010 e Movimentos Sociais nos campos do Pontal do Paranapanema: de posseiros a assentados. Curitiba: CRV, 2017. Tem experiência na área de História, com ênfase para a história rural e social, atuando principalmente nos seguintes temas: história, pontal do paranapanema, questão agrária, trabalho, oralidade, movimentos sociais, mst, pobres livres, escravos, povos originários, sul de Mato Grosso, memória e pesquisa. Integra a Rede Proprietas, hoje INCT - Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia, projeto internacional: História Social das Propriedades e Direitos de Acesso (Disponível em: www.proprietas.com.br).

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Publicado
2025-12-09