OS (DES)CAMINHOS DA SUBALTERNIDADE E DA VIOLÊNCIA NA LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA: O (NÃO) LUGAR DE "QUERÔ, UMA REPORTAGEM MALDITA", DE PLÍNIO MARCOS

THE (DIS)ROADS OF SUBALTERNITY AND VIOLENCE IN CONTEMPORARY BRAZILIAN LITERATURE: THE (NON) PLACE OF QUERÔ, QUERÔ, UMA REPORTAGEM MALDITA, BY PLÍNIO MARCOS

Palavras-chave: Teatro brasileiro contemporâneo, Violência, Subalternidade

Resumo

O objetivo desta reflexão é analisar o romance Querô, uma reportagem maldita (1977), do autor contemporâneo Plínio Marcos. Valemo-nos dos pressupostos teóricos de Carlos Pinto (2000), John Beverley (2004), Gayatri Spivak (2010), Benedicto Silva e Antonio Garcia de Miranda Netto (1986), Luiz Pereira (1978) acerca da noção de subalternidade e marginalidade social, além de trazer à baila as contribuições de Émile Zola (1982), Renata Pallottini (1989), Anatol Rosenfeld (1993), Jean-Pierre Ryngaert (1996), Sábato Magaldi (2003),  Antoine Compagnon (2003), Émile Zola (1982) no que se referem aos aspectos que circunscrevem os modos de estruturação do discurso dramático e narrativo. Destacam-se, também, os estudos de Hannah Arendt (2010), Ronaldo Lima Lins (1990) e Jaime Ginzburg (2012) no que tange à manifestação do signo da violência na Literatura Brasileira. Escritor de dramas, contos e romances, o outsider Plínio Marcos procurou transformar “personagens reais” em personagens de ficção, trazendo para o(a) leitor(a)/espectador(a) uma “realidade ficcional”, ponderando sobre o papel dos marginais e dos subalternos na constituição da sociedade; evidenciando, a seu modo, as contradições do ser humano, bem como as de sua própria existência. Na obra, a sociedade é representada por meio de situações conflituosas, as quais são (im)postas pela ordem econômica e cultural no contexto da ditadura militar brasileira pós-1964.

Biografia do Autor

Wagner Corsino Enedino, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Professor Titular da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Pós-Doutorado pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas. Doutorado em Letras pela UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Campus de São José do Rio Preto. Mestrado em Estudos Literários pela UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Campus de Araraquara. Possui Graduação em Letras pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Três Lagoas. Atua no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens (Mestrado e Doutorado), na FAALC - Faculdade de Artes, Letras e Comunicação - na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Campo Grande. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Teoria Literária, Literatura Brasileira, Formação do Leitor Literário, Teatro e Dramaturgia, atuando especialmente nos seguintes temas: Plínio Marcos, Nelson Rodrigues, Teatro sul-mato-grossense, Dramaturgia paraguaia, Drama em Literatura Inglesa, Literatura Comparada, Estudos Culturais, Estudos da Subalternidade, Teatro Brasileiro Contemporâneo, Identidade e Dramaturgia. É líder do Grupo de Pesquisa Ícaro (CNPq); Membro do GT "Dramaturgia e Teatro" da ANPOLL e Membro da Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC).

Celeste da Silva Sousa, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS

Possui mestrado em Estudos Literários pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Graduação em Letras Português/Inglês pela mesma instituição. Dissertação defendida em 2014 com o título: Subalternidade, Violência e Hibridização de Gêneros em Querô, Uma Reportagem Maldita, de Plínio Marcos. Atualmente, é professora (efetiva) da Rede Estadual de Rondônia e membra da Academia Rondoniense de Letras, Ciências e Artes (ARL), ocupando a cadeira de número 31, empossada em 14 de março de 2020. É autora do livro "Poemas de Sentir", publicado em 2024 pela Editora CRV - Curitiba. 

Michelle Oliveira do Espírito Santo Corsino, Universidade Federal de Rondonópolis - UFR

Professora Adjunta na Faculdade de Ciências Aplicadas e Políticas (FACAP) da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR). Doutora em Administração (2021) pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Escola de Administração e Negócios (ESAN) em Campo Grande/MS. Mestra em Administração Pública (2015) pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Escola de Administração e Negócios (ESAN), em Campo Grande/MS. Possui Graduação em Administração pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2011), Campus do Pantanal, em Corumbá/MS. Possui Master of Business Administration (MBA) em Gestão de Projetos pela Universidade Anhanguera/Uniderp (2013), em Campo Grande/MS. Atuou no cargo efetivo de Administradora na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Três Lagoas (2013-2024). Atua especialmente nos seguintes temas: Empreendedorismo, Inovação, Redes de Cooperação, Perfil Empreendedor, Tendência Empreendedora Geral, Desenvolvimento Sustentável e Turismo no Espaço Rural. 

Referências

ARENDT, Hanna. Sobre a violência. Trad. André de Macedo Duarte. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

BEVERLEY, John. Subalternidad y representación: debates en teoría cultural. Trad. Mayrlene Beiza y Sergio VillaLobos-Ruminott. Madrid: Iberoamericana, 2004.

CAZUZA; FREJAT, Roberto. Cazuza: o poeta não morreu. Rio de Janeiro: Universal Music, 2000.

COMPAGNON, Antoine. O demônio da literatura: literatura e senso comum. Trad. Cleonice Paes Barreto Mourão; Consuelo fortes Santiago. 2.ed. Belo Horizonte: UFMG, 2003.

GINZBURG, Jaime. Crítica em tempos de violência. São Paulo: Edusp; Fapesp, 2012.

LINS, Ronaldo Lima. Violência e literatura. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1990.

MAGALDI, Sábato. Depois do espetáculo. São Paulo: Perspectiva, 2003.

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PEREIRA, Luiz (Org.). Populações “marginais”. São Paulo: Duas Cidades, 1978.

PINTO, Carlos. O silêncio da voz dos excluídos. In: Plínio Marcos: um grito de liberdade. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo/Secretaria de Estado da Cultura/Memorial da América Latina, 2000, p. 07. (Coletânea de textos, depoimentos, entrevistas e fotos da exposição “Plínio Marcos: um grito de liberdade”).

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ROSENFELD, Anatol. Prismas do teatro. São Paulo: Perspectiva, 1993.

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Publicado
2025-12-09