RODRIGO DE ANDRADE E A CONSTRUÇÃO DA TRAJETÓRIA DA PRESERVAÇÃO NO BRASIL: UMA TRADIÇÃO INVENTADA

RODRIGO DE ANDRADE AND THE CONSTRUCTION OF THE PATH OF PRESERVATION IN BRAZIL: AN INVENTED TRADITION

Palavras-chave: Tradição, Preservação, Memória

Resumo

O presente artigo tem por objetivo investigar o processo de construção e divulgação da narrativa responsável por abordar a história da preservação no Brasil, dando conta das origens de uma tradição preservacionista no país. Quando, no início da década de 1950, Rodrigo Melo Franco de Andrade, então presidente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), tomou a iniciativa de narrar à trajetória histórica de construção da política de preservação do patrimônio histórico e artístico brasileiro forjou um discurso fortemente ancorado na identificação das origens do pensamento preservacionista bem como na concepção de uma política de salvaguarda desenvolvida no âmbito da administração pública federal e alicerçada na criação de leis e órgãos específicos para tal finalidade. Tal discurso seria marcado pela emergência de um processo de disputa de memórias, assinalado pela redução da autoria das ações preservacionistas a um único grupo, ou seja, pelo surgimento de uma memória homogeneizada e enquadrada.

Biografia do Autor

Vanessa Almeida Dócio, Universidade Federal da Bahia - UFBA

Doutorado em História pela Universidade Federal da Bahia - UFBA (2021) e Mestra em História pela UFBA (2015). Possui especialização em História do Brasil (2011) pela Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC e Graduação em História (2008) pela mesma universidade. Tem experiência nas áreas de arqueologia e educação patrimonial. Desde 2010 desenvolve pesquisa sobre política de preservação do patrimônio histórico e artístico nacional, com ênfase nas medidas de salvaguarda implementadas pelo governo federal e pelo estado da Bahia ao longo do século XX.

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Publicado
2024-10-05