Os Suruí/Aikewara e a Guerrilha do Araguaia: memórias de uma história em movimento
The Suruí/Aikewara and the Araguaia’s Guerrilla: memories of a history in movement
Resumo
A Guerrilha do Araguaia (1972-1974) é considerada o maior conflito armado ocorrido durante a ditadura militar brasileira (1964 -1985). Ocorrida no sudeste do Pará, na região denominada Bico do Papagaio, o tema ainda sucinta debates acerca da pluralidade de sujeitos envoltos no acontecimento. O presente trabalho tem como objetivo analisar a participação do grupo indígena Suruí/Aikewara neste conflito, buscando compreender como esta memória é atualmente construída pelo grupo e exerce força na busca de reparações que permeiam este acontecimento, como a demarcação territorial. Para tanto, utilizamos os relatórios produzidos pela Comissão Nacional da Verdade, criada em 2011, e da Comissão da Verdade Suruí-Aikewara, realizada em Marabá, no ano de 2012, que contou com os depoimentos dos próprios sujeitos destes grupo, tendo como proposta analisar e reparar violações dos direitos humanos durante a ditadura militar. Por esta gama documental, em diálogos com a historiografia sobre o tema, propomos analisar um período e acontecimento que ainda suscitam importante debate sobre os Suruí/Aikewara e sua participação no conflito, bem como o protagonismo destes na tessitura de sua própria história.
Referências
ARENZ, Karl Heinz. Lacaios ou líderes: os principais indígenas nos aldeamentos jesuíticos da Amazônia portuguesa (século XVII). in: CHAMBOULEYRON, Rafael; SOUZA JÚNIOR, José Alves de. Novos olhares sobre a Amazônia colonial. Paka-tatu, 2016.
BAUER, Caroline S; GERTZ, René. Arquivos de regimes repressivos. In: PINSKY, Carla Bassanezi; Luca, Tania Regima de (org). O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2015.
BELTRÃO, J. et al. De vítimas a indiciados: um processo de ponta-cabeça. Surui Aiekewara verus Divino Eterno. Laudo antropológico. Espaço Ameríndio. Porto Alegre. V2, n2, jun/dez 2008.
BRAGA, Magno M. Marçal. Rota Transamazônica: Nordestinos e o Plano de Integração Nacional. 1. ed. Curitiba: Pismas, 2015. v. 1.
CABRAL, Pedro Correa. 1993. Xambioá: guerrilha do Araguaia. Rio de Janeiro: Edit. Record.
CALHEIROS, Orlando. Aikewara: Esboços de uma sociocosmologia tupi-guarani. Tese de doutorado. Rio de Janeiro: PPGAS, Museu Nacional/ UFRJ, 2014.
CAMPOS F.o, Romualdo Pessoa. Guerrilha do Araguaia: a esquerda em armas. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2007.
CARVALHO, Luiz Maklouf. 2004. O coronel rompe o silêncio. Rio de Janeiro: Objetiva.
CUNHA, Manuela Carneiro da. (org.). História dos Índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, Secretaria Municipal de Cultura, FAPESP, 1992.
FARIA, Mateus Henrique de. “Nova direita? Guerras de memória em tempos de Comissão da Verdade (2012-2014)”. Varia História Belo Horizonte, vol. 31, n. 57, p. 863-902, set/dez 2015.
FERRAZ, Iara; CALHEIROS, Orlando: “O tempo da guerra” – os Aikewara e a guerrilha do Araguaia.
FIGUEIREDO, LUCAS. Lugar nenhum: militares e civis na ocultação de documentos da ditadura. São Paulo: Companhia das letras, 2015
FONTELES, Paulo. Araguaianas. As histórias que não podem ser esquecidas. Fundação Maurício Grabois, Anita Garibaldi. São Paulo, 2013.
GARCIA, Andrea Ponce. Comissão da Verdade Suruí-Aikewara: uma etnografia da memória e do esquecimento. 29ª Reunião Brasileira de Antropologia, 03 e 06 de agosto de 2014, Natal/RN;
__________. “Trajetória da(s) memória(s) Aikewara: do evento da Guerrilha do Araguaia até a Comissão de Anistia no atual contexto de revisão da ditadura brasileira”. Dissertação, Unicamp, 2015.
GASPARI, Élio. A ditadura escancarada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Memória individual e coletiva. 2ª ad. São Paulo, Vértice, 1990. p. 64.
KOTSCHO, Ricardo. 1982. O massacre dos posseiros. São Paulo: Editora Brasiliense, 2ª. ed.
LAIARA, Roque de Barros; MATTA, Roberto da. Índios e castanheiros: a empresa extrativista e os índios no médio Tocantins. – 2ª ed. – Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. (Coleção Estudos Brasileiros; v. 35).
LE GOFF, Jacques. Documento, monumento. In: “História e Memória”. Campinas: EdUnicamp, 1992.
NASCIMENTO, Durbens Martins. A Guerrilha do Araguaia: Paulistas e Militares Na Amazônia. Universidade Federal do Pará (UFPA). Belém. 2000.
NEVES, Ivânia dos Santos; CORRÊA, Maurício Neves. O povo indígena Aikewára e a Guerrilha do Araguaia: mediação, apropriação e resistência nas fronteiras de identidades. “Amazônia e o direito de comunicar” - Belém/PA, 2011.
NEVES, Ozias Paese; LIEBEL, Vinícios: Revista Eletrônica da ANPHLAC, ISSN 1679-1061, Nº. 18, p. 56-86, jan./jul. 2015.http://revista.anphlac.org.br/.
NOSSA, Leonêncio. 2012. Mata! O Major Curió e as Guerrilhas no Araguaia. São Paulo: Cia das Letras.
MARTIN, Andrey Minin. Produzir energia, (pro)mover o progresso: o Complexo Hidrelétrico Urubupungá e os caminhos do setor energético. Tese. Doutorado em História. UNESP, 2016. 351 f.
MECHI, Patricia Sposito.2012. “Os Protagonistas do Araguaia: trajetórias, representações e práticas de camponeses, militantes e militares na guerrilha (1972-1974)” Tese de Doutorado em História Social. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
MONTEIRO, John Manuel. Entre o Etnocídio e a Etnogênese: Identidades Indígenas Coloniais. In: FAUSTO, Carlos; MONTEIRO, John Manuel. (Org.). Tempos Índios: História e Narrativas do Novo Mundo. Pag. Antologia Índios, 2007.
MONTEIRO, Paula Miranda. Os suruí/aikewara nos tempos da guerrilha do araguaia: história, memória e educação. XIV Encontro Nacional de História Oral. Unicamp, 2018.
MORAIS, Taís e SILVA, Eumano. 2005. Operação Araguaia: os arquivos secretos da guerrilha. São Paulo: Edit. Anita Garibaldi, 4ª. ed.
MOURÃO, Monica. 2005. Memórias clandestinas. A imprensa e os cearenses desaparecidos na Guerrilha do Araguaia. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora
MOURA, Clóvis (Apresentação). 1979. Diário da Guerrilha do Araguaia. São Paulo: Ed. Alfa Ômega. Série História Imediata.
PEIXOTO, Rodrigo, C.D. 2011. “Memória social da Guerrilha do Araguaia e da guerra que veio depois”. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ciências Humanas, Belém, /v.6, n.3, p. 479-499, set-dez
PEREIRA, Airton dos Reis. “Do posseiro ao sem-terra: a luta pela terra no sul e sudeste do Pará”. - Recife: Editora UFPE, 2015.
PEREIRA, Mateus Henrique de faria. “Nova direita? Guerras de memória em tempos de Comissão da Verdade (2012-2014)”. Varia História Belo Horizonte, vol. 31, n. 57, p. 863-902, set/dez 2015.
POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos históricos. Rio de Janeiro, vol. 2, n.3, 1989, p. 12.
POMAR, Wladimir. 1980. O Partido e a guerrilha. São Paulo: Editora Brasil Debates.
PORTELA, Fernando. 1986. Guerra de guerrilhas no Brasil. São Paulo: Global Editora, 7ª. ed.
RODRIGUES, Antonio. 2008. Araguaia – entre soldados e guerrilheiros. Curitiba: Protexto.
ROCHA JUNIOR, Deusdedith A. A Guerrilha do Araguaia (1972-1974). Dissertação. Brasília:Unb, 1995.
SÁ, Glênio. Araguaia – relato de um guerrilheiro. São Paulo: Editora Anita Garibaldi, 1990.
SALLES, Jean Rodrigues. “O Partido Comunista do Brasil nos anos sessenta: estruturação orgânica e atuação política”. Cadernos AEL. Tempo de Ditadura. Campinas, Arquivo Edgard LeuenrothlFHC/ UNICAMP, 2001.
SANTOS, Rafael R. N. dos. “DIS O ÍNDIO...”: outra dimensão da lei: políticas indigenistas no âmbito do Diretório dos índios (1777-1798). Dissertação, UFPA, 2014.
SANTOS, Rafael R. N. dos; SANTOS, Pyterson Romano dos. “Protagonismo indígena por meio do Aconteceu Boletim (1980-1987): lutas, tensões e perspectivas no processo de redemocratização”.In: COELHO, Anna C. Abreu; MACHADO, Eliane M. Do Ensino de História em novas fronteiras: ou de como se faz pesquisa e extensão no Sul e Sudeste do Pará. São Paulo: Pimenta Cultural, 2019.
SILVA, Idelma Santiago. Fronteira Cultural: a alteridade maranhense no sudeste do Pará (1970-2008). Tese de doutorado. Universidade Federal de Goiás, Faculdade de História, 2010.
SOUZA, Aluísio Madruga de Moura. 2002. Movimento comunista brasileiro. Guerrilha do Araguaia, revanchismo, a grande verdade. Brasília: edição do autor. 51
SOUSA, Deusa Maria de. 2011. Lágrimas e lutas: a reconstrução do mundo de familiares de desaparecidos políticos do Araguaia. Tese de Doutorado em História. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina.
STUART, Hugo. 2006. A lei da selva. Estratégias, imaginário e discurso dos militares sobre a Guerrilha do Araguaia. São Paulo: Geração Editorial.
TELES, Janaína de Almeida. “Os segredos e os mitos sobre a Guerrilha do Araguaia (1972-1974)” História Unisinos 18(3):464-480, Setembro/Dezembro 2014.
VALENTE, Rubens. Os fuzis e as flechas: história de sangue e resistência indígena na ditadura. 1ª ed. – São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
Declaro que, caso este manuscrito seja aceito, concordo que mantenho os direitos autorais e concedo à Revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons (CC-BY) que permite o compartilhamento com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista. <a rel="license" href="http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/"><img alt="Licença Creative Commons" style="border-width:0" src="https://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png" /></a><br />Este obra está licenciado com uma Licença <a rel="license" href="http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/">Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional</a>.