Trabalho como fundamento de cidadania e aprendizado político: O operariado português no propulsar da Revolução dos Cravos (1968-1974)

  • Pamela Peres Cabreira Doutoranda bolsista CAPES - Pleno. Universidade Nova de Lisboa.

Resumo

O presente artigo tem por objetivo trazer para o debate a importância e a força do movimento operário em Portugal no período anterior à Revolução dos Cravos, como basilar das conquistas e lutas travadas no período democrático. Ressaltamos a necessidade de debatermos teoricamente, mesmo que de forma breve, as concepções de classe e consciência de classe na composição da materialidade histórica por que toma o trabalho. Para tanto, utilizaremos fundamentalmente um diálogo bibliográfico, centrado na perspectiva teórica de Edward Thompson bem como trabalharemos com um periódico importante à compreensão do período, o Avante! Clandestino. Buscaremos demonstrar que, contrariamente a uma posição historiográfica na academia, os movimentos sociais em Portugal no período ditatorial não estavam “adormecidos”, mas sim aglutinando forças de resistência frente ao Estado Novo. Os movimentos de trabalhadores e a importante influência do operariado serão aqui atores delimitantes na composição do nosso objeto.

Biografia do Autor

Pamela Peres Cabreira, Doutoranda bolsista CAPES - Pleno. Universidade Nova de Lisboa.

Pamela Peres Cabreira é Graduada e Mestra em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e doutoranda em História Moderna e Contemporânea pela Universidade Nova de Lisboa, sob fomento da bolsa de Doutorado Pleno-CAPES. Com a primeira premiação de bolsa de pesquisa, em 2014 pelo Santander Universidades ainda durante a graduação, a autora produziu a monografia intitulada A Revolução dos Cravos entre a diplomacia e a insurreição: O Movimento das Forças Armadas como consequência da Guerra Colonial (1949-1974). Posteriormente, no período do mestrado enquanto bolsista CAPES e com a premiação em 2016 através da Cátedra Jaime Cortesão (USP), produziu-se a dissertação “Semeando ventos o governo colherá tempestades!”: crise marcelista e a vaga revolucionária em Portugal (1968-1974). É de interesse de pesquisa desenvolver estudos sobre as relações laborais em classe e gênero na contemporaneidade portuguesa, sobretudo no período das décadas de 1960 e 70 do século XX.

Referências

BIBLIOGRAFIA

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FONTES

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Publicado
2018-07-06